Quem nunca sentiu culpa por alguma coisa que fez ou que deixou de fazer? Seja por sair da dieta ou por magoar alguém que gostamos, todas nós já passamos por isso. Pois é, hoje vamos começar a entender de onde ela vem e como se livrar dela, de uma vez por todas.
Pra começar, a primeira coisa que você precisa aprender é: não se culpe por sentir culpa – isso é muito importante! Em uma sociedade que incita a concorrência, a comparação, a produtividade a nível máximo e a necessidade de ser 100% assertiva em tudo que se faça, a culpa se torna um fantasma que fica à espreita todo o tempo.
E depois dos 50 então?! Parece que esse peso aumenta! Pensamentos do tipo “eu sou uma pessoa horrível”, “eu mereço sofrer”, “eu não dou conta de mais nada”, “eu não tenho mais idade para ser feliz”, são constantes, embora sejam ilógicos.
MAS AFINAL, O QUE É A CULPA E COMO DEVEMOS LIDAR COM ELA?
Tanto a Análise Psico Orgânica quanto a Psicologia Positiva, nos ensinam que a culpa é consequência de questões psicológicas e emocionais, sendo necessário descobrir sua origem e suas causas para que possam ser compreendidas, contextualizadas e atualizadas.
Já na Terapia de Autocura, outra poderosa ferramenta que eu utilizo nos meus atendimentos, aprendemos que existem as NOSSAS questões, as questões do OUTRO e as questões de DEUS, onde as duas últimas estão totalmente FORA do nosso controle. Portanto, é muito importante diferenciar cada uma delas e aprender que você só é responsável por fazer a SUA parte, então, você só pode se ‘culpar’ pelo que diz respeito a você.
OS EXCESSOS E SEUS DANOS
Agora, você sabia que o excesso de culpa pode gerar uma série de sintomas físicos?! E, pior, que podem ficar mais evidentes depois dos 50?! Fica atenta: insônia, tristeza, perda ou aumento de apetite, cansaço inexplicável, baixa autoestima, alergias de pele, excesso de sensibilidade, apatia, enxaqueca, problemas gastrointestinais, pensamentos turbulentos, sentimento de inferioridade, queda de cabelo, alterações de peso, dentre outros. Que lista ruim, né?!
ENTENDENDO FERRAMENTAS DE APOIO
Então, para fugir dessas ciladas, a busca pelo processo terapêutico é fundamental. Ele é capaz de transformar esse quadro pessimista e nocivo num cenário totalmente potente e cheio de vida. A Psicologia Positiva, que é uma das bases do meu Método coMtato, possui diversas ferramentas e instrumentos muito ricos que auxiliam no processo de transformação da culpa em aceitação e responsabilização.
Veja alguns importantes ajustes reflexivos que você pode fazer ao olhar para dentro de si mesma e promover uma auto análise:
- Perdão: aprenda a perdoar a si mesma e a pedir perdão.
- Autocompaixão: diga a si mesma que fez o que era possível e o seu melhor naquele momento.
- Compreensão do contexto: absorva que no momento do comportamento ‘inadequado’, você não tinha o mesmo entendimento que possui hoje.
- Aceitação: aceite que você é humana e que ‘errar’ faz parte do processo.
- Importância da linguagem: modifique a palavra culpa por responsabilidade, saindo do papel de vítima, para o de protagonista de sua vida.
- Importância do presente: tenha consciência de que não se pode mudar o passado.
- Revisão de autocobranças: pergunte a si mesmo se seus padrões de comportamento estão adequados ou excessivamente elevados.
- Revisão de crenças e expectativas: reconsidere seu sistema de valores, regras e expectativas.
- Opinião alheia: aprenda a tolerar a decepção e a desaprovação do outro e do mundo.
APRENDENDO COM A VIVÊNCIAS DE OUTRAS PESSOAS
Para encerrar, vou contar um caso de uma paciente, tendo o cuidado de manter sua identidade em sigilo – e eventualmente de alterar detalhes que possam levar à sua identificação. Tenho uma paciente que, na proximidade dos seus 50 anos, começou a se culpabilizar por tudo que ela gostaria de ter feito ao longo de sua vida, mas que não fez. Mantinha o seu olhar no passado e não conseguia vislumbrar nenhum futuro interessante a sua frente.
A crença de que a chegada aos 50 era, praticamente, o fim da linha a deixava assustada. Ao longo do seu processo, suas crenças, seus sonhos, suas capacidades, suas conquistas, seus desafios, seus padrões de comportamento, as dinâmicas familiares, seus relacionamentos foram todos revisitados.
Durante sua jornada terapêutica, em vários momentos, ela foi surpreendida ao perceber a existência de conceitos arraigados que não faziam mais o menor sentido para ela, capacidades e conquistas esquecidas e, o mais importante, os aprendizados e a sabedoria adquiridos ao longo do caminho que ela não mais considerava.
A partir daí ela desenvolveu a autoempatia e a autocompaixão, conseguiu se perdoar, resgatou seu poder pessoal, se libertou de preconceitos e hoje, com mais de 50, entende que é a única responsável pela sua felicidade e bem-estar. E vive a melhor fase de sua vida!
Portanto, CULPA??? Nem antes e nem depois dos 50!!!