“No corpo se operam sempre nossas transformações. Ele é nosso primeiro instrumento, nosso primeiro limite e nos ensina o senso primário de organização e desorganização. Em toda a rica diversidade dos tipos humanos, há padrões comuns de movimento, que atravessam particularidades culturais e sociais.”
Ivaldo Bertazzo – bailarino, coreógrafo brasileiro e terapeuta de movimento
Escutar “crec-crec” ao se movimentar é sinal de que você está ficando… CROCANTE!!!
Para nós que somos 50+, ao acordar, espreguiçar ou mexer alguma articulação específica, quem nunca escutou sons estranhos, do tipo “crec-crec”?! Já aconteceu comigo e tenho certeza que com você também. Mas calma, não se apavore, brincadeiras à parte, esse é um assunto bem sério mas que pode ser abordado com leveza e objetividade. Vamos lá?
O processo de envelhecimento com o passar dos anos nos encaminha, inevitavelmente, a um desgaste físico. Sim, ficamos mais sábias e bem mais evoluídas, também adquirimos aquelas ‘ruguinhas’, o desgaste das articulações e a perda de tônus muscular. Tudo isso junto pode acabar acarretando em algumas limitações físicas – e faz parte do “pacote do envelhecimento”.
Isso acontece com todas as pessoas, mas a grande diferença é como você vai encarar essa fase: sendo um processo saudável ou processo detonador da sua autoestima? Vou te contar como eu vivi e vivo essa questão.
COMO EU DECIDI ENVELHECER
O tema envelhecimento sempre rondou meus pensamentos desde muito cedo. Na época, eu não sabia bem como seria, mas tinha certeza que queria envelhecer com saúde, autonomia e vitalidade. Vocês sabem que sou uma defensora da prática de uma atividade física ou esporte, independente da idade ou da questão específica do envelhecimento. Para mim isso sempre foi uma questão de NUTRIÇÃO INTEGRAL para a saúde, pois, alimenta o físico, mental, emocional, energético e espiritual.
MINHAS FORMAÇÕES EM DANÇA E MEU OLHAR SOBRE O CORPO
Nesse processo de busca, acabei despertando para a dança e fiz minha Formação em Dança Contemporânea na Escola e Faculdade Angel Vianna. Ali eu comecei a enxergar o corpo como um local sagrado e entendi que o caminho para uma longevidade saudável era aprender a escutá-lo e a interpretar seus sinais. E, para isso entrar em coMtato com ele era fundamental.
Em seguida, para aprofundar ainda mais essa construção sobre o corpo, participei da Formação de Reeducação do Movimento do Ivaldo Bertazzo – bailarino, coreógrafo brasileiro e terapeuta de movimento. Era um sonho antigo essa aproximação com o Ivaldo e com esse curso pude também entender toda uma nuance de postura, presença e vitalidade dentro de um corpo 50+. De acordo com ele:
“Quando o nosso corpo está bem estruturado, há uma divisão democrática das tensões. Relaxamento é a circulação de tensão em todos os pontos do corpo.”
A partir dessa formação tive coMtato com todos os ingredientes fundamentais para um envelhecimento saudável: o lúdico, onde você aprende a brincar e experimentar seu corpo; a tridimensionalidade do corpo pois, na verdade, estamos acostumadas a nos olhar só de frente, esquecemos as costas ignorando a força que ela possui; a presença, onde, a qualidade da sua postura revela muito COMO você OCUPA o seu lugar no mundo.
Isso foi um start para a minha compreensão sobre a integralidade do corpo, onde pude sentir e vivenciar a conexão físico-emocional-energético. A partir da compreensão desta conexão estava claro para mim que as limitações físicas podem e vão existir num determinado momento da vida, e você vai precisar aprender a reestruturar seu corpo para comportar essas questões naturais. E isso pode ser feito de maneira lúdica e com leveza.
ENVELHECIMENTO E A LEI DO MÍNIMO ESFORÇO
Parece simples, mas já tive pacientes em que o processo de envelhecimento era o decreto do seu fim. Em primeiro lugar, e isso serve para qualquer situação que você passar na sua vida, é ACEITAR o que está acontecendo, pois é a realidade e não tem como ser mudada. Esse é um dos princípios básicos da Terceira Lei Espiritual do Sucesso do Deepak Chopra que é a ‘Lei do Mínimo Esforço’. E isso não tem relação com não se empenhar ou se dedicar ao que você pretende, mas à não resistência. Significa simplesmente, entender que ‘o momento é como deve ser’ e só assim você poderá se responsabilizar por realizar uma transformação verdadeira.
O meu Método coMtato nasceu exatamente a partir desse entendimento do corpo como local de aprendizado e, ao mesmo tempo, de cura. O primeiro pilar é a escuta do corpo. A partir do momento em que você começa a entender o funcionamento físico do seu corpo e como isso se reflete no seu emocional, mental, energético e espiritual, tudo muda. Você amplia o seu olhar para o corpo e enxerga os sintomas de outra maneira.
APRENDENDO A ESCUTAR
No caso das limitações físicas, como isso se aplica? Por exemplo: você percebe uma limitação articular ao movimentar seu tornozelo, sem ter sofrido nenhuma entorse ou coisa parecida, e isso afeta o seu equilíbrio ao caminhar. Se você olhar para esse fato isolado, provavelmente vai procurar um profissional especializado para resolver a questão. Mas quando você amplia o olhar para além do sintoma físico, pode se questionar da seguinte maneira: ‘como estou me sentindo em relação ao equilíbrio na minha vida?’, ‘será que estou indo na direção do que eu desejo para mim?’, ‘ok, estou reajustando questões na minha vida e o tornozelo pode estar refletindo esse desequilíbrio, nesse momento.’
Percebe como tudo se amplia e um ‘crec crec’ no tornozelo pode ter outro significado, para além do físico?
O corpo físico é a última instância quando o corpo quer nos enviar um sinal e não estamos a escutar. O processo terapêutico pode evitar que você adoeça para perceber algo que não faz mais sentido para a sua vida e que pede por uma mudança.
Enquanto o foco for a sua mente, o seu ego, a vida continuará trazendo para você as mesmas questões, te adoecendo e piorando as situações. Quando você entende que seu corpo é o seu maior aliado e que ele te mostra o que precisa transformado, sua vida começa a fluir com facilidade e alegria.
Vamos exercitar?
Proponho agora um exercício para você investigar o seu próprio corpo e depois me encaminhar para eu possa te ajudar.
Pegue uma folha de papel, caneta e deixe ao seu lado. Sente-se de maneira confortável, sinta os apoios dos seus pés no chão e mantenha a coluna ereta. Feche os seus olhos. Inspire profundamente pelo nariz e solte lentamente pela boca. Repita mais duas vezes, no seu tempo.
Regularize sua respiração. Leve a atenção para o seu corpo e perceba qual local chama a sua atenção, nesse momento. O que essa parte do corpo representa para você?
Não tenha pressa, SINTA e deixe a resposta chegar pelo corpo.
Perceba qual a sensação ou sentimento que isso provoca em você. Procure relacionar o que está sentindo com algum fato, situação ou pessoa, sem qualquer julgamento.
Não tenha pressa, SINTA e deixe a resposta chegar pelo corpo.
Inspire profundamente pelo nariz, solte lentamente pela boca, traga a sua atenção para o local aonde você está e quando quiser, abra seus olhos.
Escreva na folha de papel a sua experiência e se fez sentido para você. Tire uma foto e envie para o meu direct no Instagram @flavia.tavares que vou ajudar você a ganhar maior entendimento desta experiência.
*Não estou negando a importância de sempre se consultar um profissional especializado quando se sente dor, mas, sim, querendo que você reflita SEMPRE sobre o que você pode fazer além dessa consulta – o que certamente será benéfico.