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AMOR E SEXUALIDADE DEPOIS DOS 50… REALIDADE OU UTOPIA?

Bora desmistificar rapidamente esse assunto?! Vem comigo!

Uma vida sexualmente ativa depois dos 50 pode, sim, ser realidade – e com ótimas surpresas, novos aprendizados, inúmeras possibilidades, leveza, bom humor, autenticidade, respeito e com muito PRAZER.

Você sabia que o sexo é uma das necessidades fisiológicas, assim como comer, beber e dormir? (Leia o texto, aqui no blog, Você precisa ser sua prioridade – que fala sobre Necessidades). E por que motivo essa necessidade fisiológica é abandonada quando envelhecemos, se o desejo não tem idade?

É importante deixar claro que, o desejo e a necessidade de afeto permanecem depois dos 50, 60, 70… e que podemos continuar a apreciar as relações sexuais durante a velhice. É preciso entendimento e adaptação sexual, de ambas as partes, para a obtenção do prazer. Enquanto os jovens possuem uma grande preocupação com a “quantidade” de relações sexuais; em idades mais avançadas, essa noção quantitativa, deve e pode, sabiamente, ser substituída pela noção de “qualidade”.

 

A POPULAÇÃO ENVELHECE – E SOFRE COM O ETARISMO

O envelhecimento mundial vem crescendo de maneira significativa e, por isso, tornou-se um tema amplamente discutido na última década. Muitos pesquisadores de diferentes áreas têm mostrado interesse em estudar essa fase da vida. E um dos principais problemas enfrentados pelas pessoas 50+ e 60+ é chamado de etarismo ou ageísmo, que é o preconceito contra idosos. Ao atingir uma idade mais avançada, a sociedade vê e rotula a pessoa como incapaz em várias esferas da vida, principalmente, quando o assunto é vida amorosa.

E, nesse contexto, amor e sexualidade são assuntos totalmente ‘jogados para escanteio’, bloqueados, vistos como perversão. O prazer é associado à culpa e muitas não se permitem nem pensar mais sobre esses assuntos. Apesar de, no fundo, desejarem viver isso em suas vidas de forma natural.

 

LIBIDO, PERFORMANCE, DESEJO… COMO FICA?

Já sei, você vai falar que a libido diminui, porque tanto o homem quanto a mulher, passam por declínio e desequilíbrios hormonais; que o cansaço surge com maior frequência; que a sua ‘performance’ já não é mais a mesma; que está ‘velha’ para se apaixonar ou sentir desejo; que seu corpo físico está diferente; que você não precisa de mais nada disso e blá blá blá!

Sim, você está certa, muitos desses fatores são reais, entretanto outros são provenientes de suas próprias crenças ou são preconceitos contra a velhice que estão tão enraizados na sociedade, que você acaba por interiorizar esses sentimentos e nem se questiona se fazem ou não sentido para você.

Todos esses fatores abalam nossa autoestima, porque somos bombardeadas pela mídia que, para sermos amadas e desejadas, precisamos ter aquele corpo sarado, sem estrias ou celulites, sem rugas ou cabelos brancos, ter um desempenho ultra hiper mega, estar sempre ‘poderosa’ – ou seja, a fantasia da eterna juventude – isso sim é UTOPIA. E, quem persegue esse ‘ideal’ vai se frustrar e se afogar em angústias, por se recusar a encarar a realidade.

Eles também sofrem com alguns mitos: os homens associam sua masculinidade ao trabalho como ‘fonte de poder’, ao se aposentarem, podem começar a duvidar de sua capacidade sexual, que acreditam ser sua outra ‘fonte de poder’, ocasionando uma perda de identidade e motivo de baixa autoestima.

 

QUEM MERECE AMAR?

O amor e a sexualidade 50+ são vistos como tabu, porque a sociedade concede somente aos jovens a possibilidade de amar e manifestar sua sexualidade, aos idosos resta o amor platônico ou a abstinência sexual. Por favor, chega disso!

Os problemas fisiológicos podem ser encaminhados ao médico, que pode encontrar possibilidades viáveis para equilibrar e amenizar esses efeitos naturais do envelhecimento.

A questão mais desafiadora nessa fase, (embora algumas pessoas possam iniciar esse processo antes dos 50), é a chegada do climatério. É o período correspondente à menopausa (na mulher) ou ao declínio sexual (no homem), e que se caracteriza por um conjunto de modificações endócrinas, físicas e psíquicas, onde precisamos reaprender a lidar com nosso corpo de maneira integral.

O amor é para todos! A oportunidade de expressar e receber carinho, afeto e a admiração de alguém; a apropriação de si mesma e de seu corpo; o resgate e aumento de sua autoestima; a melhoria da qualidade de vida e do humor; a retomada daquele ‘brilho no olho’ ao se apaixonar; o rejuvenescimento em vários aspectos; novas e maravilhosas descobertas e muitos outros, podem ser desdobramentos positivos por se permitir ao amor e a vivência da sexualidade, depois dos 50.

 

COMO FOI PARA MIM A CHEGADA AO CLIMATÉRIO

Eu entrei no climatério só aos 54 anos e, para mim, esse período foi bastante complicado. Eu ainda tomava pílula anticoncepcional e, ao constatar que era o momento de interromper, passei por uma queda brusca dos hormônios. Atravessei uma fase aonde eu não reconhecia mais meu corpo físico e, ao contrário do que acontece com a maioria das mulheres, eu emagreci demais e tinha a sensação de que meu corpo era uma folha de papel, sem vida, sem energia e isso me afetou terrivelmente.

Sempre tive um bom tônus muscular, disposição e vitalidade em virtude de ter praticado atividade física ao longo da vida. Isso começou a afetar meu lado emocional, meus relacionamentos, meu lado profissional e minha autoestima despencou. Nesse momento entendi que precisava procurar um especialista para entender o processo e buscar alguma espécie de alternativa para resgatar minha qualidade de vida.

Eu tinha um certo medo quando o assunto era ‘reposição hormonal’, por saber dos efeitos colaterais e riscos que isso implica. E aí, a minha opção será sempre pela saúde. Fiz uma consulta onde entendi que, pelos resultados dos meus exames e histórico familiar, poderia tranquilamente fazer a reposição hormonal sem nenhum risco e fazendo um controle anual. E isso realmente mudou minha vida. Faço uso e acompanhamento até hoje.

 

BOA SORTE, LÉO GRANDE

Para ilustrar todos esses aspectos e você se deliciar com o fato de se permitir que o amor e a sexualidade habitem saudavelmente a sua vida 50+, sugiro assistir ao filme “Boa sorte, Léo Grande”.

Além de ser brilhantemente interpretado pela maravilhosa Emma Thompson – filme que, inclusive, lhe rendeu o Oscar – e pelo sensível Daryl Mc Cormack, o filme retrata a busca de Nancy, uma viúva e professora aposentada de 70, que nunca teve um orgasmo na sua vida, e que decide contratar os serviços sexuais do rapaz – Léo Grande.

Ela está disposta a viver novas aventuras e experimentar prazeres sexuais, aos quais nunca havia se permitido. Entretanto, no decorrer dos encontros, ambos se deparam com seus próprios conflitos pessoais e criam um vínculo surpreendente transformador para a vida dos dois.

Portanto, abandone a frase de Nacy “é terrível, é loucura, é errado. Meu filho ficaria chocado!” e a substitua por outra, dela mesma: “quero brincar de me sentir jovem de novo, ter esse sentimento de volta, a sensação de ter tudo diante de mim!”

Assista o filme e perceba que a hora de sentir a juventude e experimentar um mundo que se abre diante de si, é agora. Sempre agora!

Como disse o músico David Bowie, “envelhecer é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que você sempre deveria ter sido”. Mas, é preciso se PERMITIR.